Diante da falta de mão de obra especializada na pandemia, empresas de tecnologia estão investindo na contratação de estrangeiros e na formação de funcionários.
O espaço tá pronto, um andar inteiro. Só falta gente pra ocupar as cadeiras. “Metade do andar está ocupado, metade extremamente e metade tá esperando as pessoas. E aqui tem vaga aberta faz meses e pagando bem, de 10 a 15 mil reais mensais”, relata Fávio Ieger, CEO.
Mesmo com esses salários, está difícil contratar. Em todo o país, são 50 mil vagas abertas, a maioria para programadores e desenvolvedores. E essa demanda pode aumentar ainda mais. A estimativa é que nos próximos dois anos o Brasil vai precisar de pelo menos 500 mil profissionais da área de tecnologia.
“Nós temos cursos bons, mas não são suficientes para a demanda. É preciso cursos cada vez mais rápidos para a formação desses profissionais”, destaca Vinícius Mello, consultor do Sebrae.
Um dos motivos desse apagão é a transformação digital, que foi acelerada pela pandemia. Comércio eletrônico, serviços de entrega, home office, comunicação… Muitos serviços migraram para a internet e é preciso mais gente pra manter esse mundo virtual.
“Não tem mais volta. A gente vai só caminhando pra frente e vamos ter que nos adaptar cada vez mais a utilização das plataformas de uma vida mais conectada e digital”, fala o presidente da Assepro.
A caça à mão de obra qualificada não respeita divisas nem fronteiras. Uma empresa de Curitiba (PR) buscou profissionais nas regiões Norte e Nordeste. E uma outra, com quase 90 vagas para preencher, foi ainda mais longe: contratou programadores na Argentina e no Paraguai, pra trabalhar em home office.
“Nós já temos 3 vagas preenchidas com pessoal de fora e espera aumentar isso fortemente porque vamos fazer um trabalho para expandir esse modelo”, conta Itamir Viola.
A empresa também resolveu formar os próprios profissionais. Montou um curso gratuito e já está treinando 200 jovens, a maioria de baixa renda. “É um programa de inclusão que também tem objetivo de suprir a demanda de contratações”, destaca.
O Flávio, de 17 anos, quer garantir uma vaga: “É o que eu amo fazer, é minha paixão, eu espero chegar muito longe”, ressalta.